Coluna Geremias Pignaton: O Ofício do Historiador
Na foto temos um documento de agosto de 1878. Um ofício burocrático de comunicação administrativa entre o ajudante do diretor da Colônia Santa Leopoldina, Frederico Julio Wanger, e o seu chefe, o diretor Aristides Guaraná. Um documento sem muita importância e corriqueiro.
O historiador passa horas, dias, semanas, meses, anos, garimpando entre documentos como este, digitalizados ou em papel, escrito com bico de pena, com caligrafia difícil (esta é das melhores), para provar suas teses, confirmar seus entendimentos, substanciar suas aulas e seus escritos.
Duro é que muitas vezes encontra pessoas que contradizem seu trabalho com base em suposições, por ter ouvido dizer, ter lido numa revista, numa página de facebook, numa fala de um amigo ou parente mais velho.
O historiador tem um trabalho solitário e duro. Não bastasse isso, precisa de muita paciência para tratar com o público leigo. Afinal, todo o seu estudo, pesquisa e obra se destinam a essa sociedade leiga, que necessita se compreender melhor.
O historiador não é alguém que vive do passado. Na verdade, ele se interna no passado para trazê-lo ao presente, dando ferramentas à sociedade para se compreender. Transforma os fatos pretéritos em luz para iluminar os dias atuais.