Coluna do Dandan: Os desafios de Aracruz para o desenvolvimento socioeconômico

Coluna do Dandan: Os desafios de Aracruz para o desenvolvimento socioeconômico

Não é de hoje que Aracruz tem sido o centro das atenções de grandes investimentos no Estado do Espírito Santo, mas nunca se viu tanto dinheiro sendo colocado e obras de tanta repercussão como nos últimos anos. A cidade foi considerada a 7ª melhor cidade para se investir no setor industrial no Brasil em 2021 e foi a 3ª que mais gerou empregos no país em 2023. Os projetos recentes e grandiosos da Imetame, Suzano, EJA/Seatrium e Portocel, que estão na casa dos milhões e bilhões de reais, são exemplos da confiança que é depositada pelo empresariado no município, gerando impactos imediatos e futuros aos aracruzenses.

 É possível enxergar diversos benefícios trazidos por esses grandes empreendimentos. A geração de emprego e renda, realização de obras de infraestrutura, mais recursos vindos do setor público municipal, estadual e federal, acompanhando o volume do aporte de recursos privados, o desenvolvimento de projetos de compensação ambiental e investimento social das empresas são alguns deles. Porém, também é preciso se atentar a minimizar impactos negativos e combinar o desenvolvimento econômico com a prosperidade social, ambiental e de infraestrutura das comunidades locais.

 Primeiramente, é fácil notar o cuidado que esses projetos devem ter com o meio ambiente, principalmente no que diz respeito à gestão de resíduos, contaminação dos recursos hídricos e preservação da biodiversidade de fauna e flora. No social, observa-se o zelo que se há de ter com a boa operação da área da saúde e da segurança pública, visto o aumento populacional, sem esquecer-se da garantia do acesso à habitação a preços justos e à qualificação de mão de obra local e geração de postos de trabalho exclusivos às comunidades de Aracruz.

 Também é necessária a atenção à infraestrutura básica dos locais. É preciso aportar recursos para a drenagem, saneamento e pavimentação em bairros como o São Francisco, Itaparica, Rio Preto, Mar Azul, Sauê, entre outros que necessitam dessas intervenções. Outro exemplo é a mobilidade urbana, que precisa ser redesenhada, pensando na complexidade logística dos empreendimentos e o aumento no fluxo de pessoas transitando.

 Preparar-se para isso tudo não é nada fácil e existem muitos outros exemplos. As contrapartidas e condicionantes ambientais, sociais e de infraestrutura devem ser mais bem elaboradas, repassadas e discutidas com as comunidades e coletivos do município, sendo respeitadas pelas empresas. Ao mesmo tempo, devem ser combinadas às políticas públicas, incentivando o investimento público e privado não apenas em obras estruturais, mas também em setores como o esporte, cultura, educação, geração de renda e formação/qualificação profissional.

 É necessário traçar metas claras, monitoradas por dados concretos e passadas de forma simples e transparente para a população, que precisa se apropriar dos ganhos e oportunidades geradas pelos investimentos. Esse é um desafio e de responsabilidade conjunta das empresas, poderes públicos (executivo e legislativo municipal, estadual e federal) e munícipes. A “Aracruz do Futuro” precisa ser próspera não apenas em capital financeiro, mas também em dignidade, oportunidades e bem-estar social de seus cidadãos.

Texto escrito por Daniel Caldas (vereador Dandan) com o apoio de Caio Amaral Santos, criado na orla de Aracruz e consultor em políticas públicas e gestão de negócios socioambientais.