Aeroporto de Linhares recebe autorização para voos de cargas
Em dezembro, a companhia aérea Azul realizou o primeiro voo comercial no Aeroporto de Linhares, conectando Linhares, no Espírito Santo, a Belo Horizonte, em Minas Gerais. Agora, em fevereiro, a Infraero autorizou o aeroporto a operar voos de cargas. Essa nova abertura oferece uma oportunidade para o escoamento da produção de produtos perecíveis, como as frutas e verduras cultivadas no norte do estado.
A pista do Aeroporto Regional de Linhares possui 1.860 metros e começou a ser construída em 2018, sendo inaugurada em abril de 2023. O investimento para a ampliação do terminal foi em torno de R$ 67 milhões. A Agência Nacional de Aviação (Anac) concedeu autorização para voos comerciais em agosto do ano passado, e o primeiro voo foi realizado em dezembro.
Rodrigo Martins, diretor Comercial da UGBP, empresa sediada em Linhares que exporta mamão, gengibre, limão, laranja e coco verde para o mercado exterior, vê com boas expectativas a autorização das operações de aviões de cargas, mas ressalta que algumas melhorias ainda precisam ser feitas para que as atividades aconteçam.
“Sem dúvida, é um sonho ver as exportações de cargas passando por Linhares, mas para isso se tornar realidade, não depende apenas de nós, empresários; depende também das companhias aéreas. Para elas, não é viável trazer um avião vazio; é necessário que haja produtos para importação como contrapartida. Embora o aeroporto já esteja homologado, ainda depende da construção da infraestrutura necessária, incluindo galpões, além das determinações junto ao Ministério da Agricultura”, explicou Martins.
A UGBP tem demanda para exportar cargas, chegando a 10 a 15 aviões por semana. Por enquanto, os envios são realizados pelos aeroportos de São Paulo e Rio de Janeiro. Martins destaca que o maior gargalo é a falta de demanda de importação por Linhares. “É importante entender a demanda da região para identificar quais produtos podem ser importados. É evidente que, se houver uma demanda significativa por exportações, serão feitos investimentos em infraestrutura no aeroporto”.
Francisco Vidolin, sócio-proprietário da Frutas Solo, empresa especializada no beneficiamento e exportação de mamão, pitaya, gengibre e goiaba, está otimista com a recente liberação da Infraero para voos cargueiros. Embora a empresa utilize diversos aeroportos do Brasil para enviar seus produtos, eles estão interessados na viabilidade de utilizar o Aeroporto de Linhares. A Frutas Solo tem sede em Sooretama, no norte do estado, e as exportações têm alcançado destinos variados, incluindo países da Europa, América do Sul e Oriente Médio.
“No entanto, Vidolin enfatiza que, até o momento, não há nada concreto e que melhorias ainda são necessárias na área. Ele afirma: ‘Se dependesse apenas de nós, certamente Linhares seria uma opção viável. No entanto, cabe às companhias aéreas avaliar a viabilidade das operações de transporte de cargas. Estamos na expectativa de que o aeroporto tenha uma aeronave adequada para enviar nossos produtos, já que utilizamos aeronaves de grande porte”, explica.
Vidolin é um dos empresários que testou o envio dos frutos pelo Aeroporto de Vitória em meados do ano passado, quando a Avianca Cargo inaugurou uma rota internacional de cargas entre Miami (EUA) e a capital capixaba. Desde então, a companhia aérea passou a embarcar produtos perecíveis, como mamão e peixes. No entanto, esse projeto, que se mostrou promissor, agora avança em passos lentos.