Coluna Geremias Pignaton: 1556 – A Chegada dos Europeus

Coluna Geremias Pignaton:  1556 – A Chegada dos Europeus

Todos sabemos que, em 23 de maio de 1535, Vasco Fernandes Coutinho aportou em Vila Velha – ES para se assenhorar da capitania que recebeu do rei D. João III. Começava para valer a ocupação europeia no nosso estado, que antes apenas recebeu algumas poucas visitas esporádicas de navios portugueses.

Nossa região do rio Piraquê-açu, somente 21 anos depois, em 1556, recebeu esse início de ocupação e de contato cultural. Naquele ano, os jesuítas, representados pelo padre Braz Lourenço, criaram um aldeamento na foz do rio, onde hoje é a vila de Santa Cruz, sede do distrito de mesmo nome, no município de Aracruz.

Na verdade, o vale do rio Piraquê-açu era ocupado por povos originários há milênios. Temos notícias de uma aldeia goitacá na margem esquerda do rio, bem perto de onde hoje está a cidade de Aracruz. Também se sabe que nos montes onde nasce o rio, chamados pelos habitantes do litoral de Serra dos Aimorés, viviam, em grupos nômades, os indígenas chamados pelos portugueses de Botocudos. Aliás, Aimorés era o nome tupi dos Botocudos. Esses grupos, vez por outra, faziam incursões às terras litorâneas.

Naquele ano de 1556, os jesuítas, liderados por Braz Lourenço, trouxeram dezenas de indígenas Temiminós, oriundos do Rio de Janeiro, que foram retirados de lá pelos portugueses para não serem exterminados pelos Tamoios e franceses. Isso dentro do contexto do que foi chamada pela história de Confederação dos Tamoios.

No início, o local na foz do Piraquê-açu era chamado de Aldeia Nova. No ano seguinte, os mesmos jesuítas fundaram um aldeamento onde hoje é Nova Almeida. Batizaram lá de Aldeia Nova e Santa Cruz passou a se chamar Aldeia Velha.

Assim nasceu o que é hoje o município de Aracruz, ficando Aldeia Velha meio sumida da história por quase três séculos, quando virou freguesia e, logo após, em 1848, município.

O aldeamento inicial em Santa Cruz, além dos Temiminós, passou a atrair outros grupos indígenas e assim viveu por alguns séculos, mesmo depois de 1759, quando os jesuítas foram expulsos do Brasil pelo Marquês de Pombal.

Em 1874 e 1877, depois de ter ficado meio adormecido com os indígenas isolados e vivendo sua vida e cultura simples e eficiente, o vale do rio Piraquê-açu recebeu uma leva grande de imigrantes italianos que fundaram os municípios de Ibiraçu e João Neiva.

Com a chegada dos italianos, a cultura europeia se estabeleceu e se impôs, povoando o vale e aumentando a produção econômica, baseada sobretudo no café.