Vacina brasileira contra câncer de próstata começa a ser testada

Vacina brasileira contra câncer de próstata começa a ser testada

Uma esperança que move médicos, pacientes e comunidade científica. Pesquisadores brasileiros têm avançado no conhecimento do câncer de próstata.

No último domingo do Novembro Azul, mês mundial de combate ao câncer de próstata, o Fantástico divulga avanços importantes na luta contra a doença. Uma vacina brasileira começa a ser testada nos EUA. 

Enquanto o Instituto do Câncer, no Rio de Janeiro, investiga a genética do homem brasileiro com o objetivo de personalizar os tratamentos.

Uma vacina brasileira contra o câncer de próstata, criada pela médico gaúcho Fernando Kreutz, começou esta semana a ser testada nos Estados Unidos. 

No Instituto Nacional do Câncer no Rio, a equipe do doutor Franz Campos acaba de iniciar uma pesquisa para entender por que a doença no Brasil parece ter um comportamento diferente do resto do mundo.

"A genética do homem brasileiro é que está sendo estudada e que nós vamos estudar nos próximos três anos", conta o Dr. Franz.

O ex-policial militar Marcos é um dos mais de 10 mil pacientes submetidos a uma biopsia no Inca do Rio desde 2018. O mundo dele desabou quando exames revelaram, dois anos atrás, que ele tinha câncer de próstata.

"Tu vai achando, torcendo pra que dê bom. Aí, quando ele chega e fala que tu tá com câncer, é uma pancada", conta Marcos.

O câncer de próstata afeta a glândula localizada abaixo da bexiga e que envolve a uretra, canal que liga a bexiga ao orifício externo do pênis. É o tipo de tumor mais frequente entre os homens, depois do câncer de pele.

Os médicos avaliaram que no caso do Marcos a doença não era grave. Que ele poderia ser acompanhado sem necessidade de cirurgia, quimioterapia ou radioterapia. 

Mas depois de dois anos, o PSA - marcador da próstata usado para o diagnóstico do doença - voltou a subir. E o ex-PM foi encaminhado para uma nova biopsia.

O procedimento é necessário para confirmar ou não a existência da doença. O doutor Franz Campos, responsável pelo centro de diagnóstico, revela que os dados compilados nesses últimos seis anos surpreenderam os médicos.

De acordo com padrões internacionais, cerca de 30% dos casos positivos são de alto grau, ou seja, mais agressivos. Mas a média de tumores de alto grau no Inca é quase duas vezes maior.

"Fazendo com que a gente entenda que a patologia do câncer de próstata do brasileiro talvez seja diferente do que a gente conhece dos padrões internacionais", diz Dr. Franz.

Sequenciadores de última geração vão decodificar as células que provocaram a doença nos participantes da pesquisa. O objetivo é conhecer o perfil genético dos tumores para desenvolver tratamentos individualizados para a população brasileira. 

Os equipamentos ultrarrápidos comprados este ano para a pesquisa vão fazer a decodificação genética das amostras de tumores de 980 pacientes, todos voluntários.

A vacina do doutor Fernando Kreutz também promete tratamentos individualizados. Depois de 25 anos de estudos no Brasil, ela recebeu sinal verde da FDA, Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos.

"É uma caminhada de muita resiliência, de muito apoio de diversas partes. Para chegar onde a gente chegou, são literalmente centenas de pessoas que hoje estão trabalhando para isso", relata o médico.

Como funciona a vacina?

Fragmentos do tumor do paciente são retirados. As células cancerígenas são expandidas e modificadas em laboratório. E depois utilizadas para ativar o sistema imunológico do próprio paciente.

Na última terça-feira, o primeiro de um total de 280 voluntários retirou fragmentos do câncer de próstata para a pesquisa em solo americano. Segundo o doutor Fernando, se tudo der certo, a FDA pode autorizar o registro da vacina brasileira dentro de dois anos.